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O PT aos vinte e nove - parte I

O Partido dos Trabalhadores inicia a contagem regressiva para deixar a juventude, afinal acaba de completar 29 anos de existência, idade que o I Congresso Nacional da JPT, realizado em maio de 2008, definiu como limite para o petista ser considerado jovem.

Parabéns ao PT, a todos os militantes petistas! Pelos 29 anos de vitórias e derrotas, erros e acertos, alegrias e tristezas, lutos e festas. Trabalho, luta e compromisso com o povo brasileiro.

Como início de ano é sempre propício para renovar as perspectivas, refletir de forma intensa e soltar a mente para fervilhar as idéias, este texto é uma reflexão resultado de algumas conversas com amigos e companheiros.

Saímos vitoriosos da nossa sétima eleição municipal, sendo o único partido a manter-se crescendo eleição após eleição. E isso é reflexo do modo petista de governar nos estados e municípios, com experiências que serviram de base para o transformador governo Lula. O PT forte, voltado para a base, com permanente debate interno sobre as problemáticas sociais, bem como as alternativas para soluciona-las, é o passaporte para resultados eleitorais cada vez mais positivos.

O Partido dos Trabalhadores tem a ousadia intrínseca na sua história. Ou que adjetivo define melhor a construção de um partido pela classe trabalhadora ainda durante o regime militar? Capaz de indicar um torneiro-mecânico para candidatar-se ao cargo mais importante do país e insistir nessa indicação por quatro eleições consecutivas até elege-lo presidente da república. Um partido com mais de 500 mil filiados que opta pela escolha de sua direção, em todas as instâncias, através do voto direto de cada filiado?

Renovaremos este ano novamente as nossas direções partidárias em todas as instâncias. É importante destacarmos que nos últimos tempos só temos tido tempo para isso, disputas, disputas e mais disputas. Não se trata aqui de uma queixa pura e simples, até porque todo petista adora uma boa disputa. Contudo, é preciso colocar na balança se os pleitos foram proporcionais aos espaços de discussão, avaliação, planejamento, formação.

Existem petistas em todos os lugares, sindicatos, cooperativas, conselhos de governo, movimentos social e popular, associações de bairro. E nestes espaços desenvolvem trabalho real de base, lado a lado com a população. Daí o petismo (a identidade da população com o PT) ser muito maior que o próprio Partido dos Trabalhadores. Contudo, o PT, enquanto alternativa de organização para a sociedade, não consegue desenvolver a tarefa de proporcionar espaços permanentes de reflexão e a disputa consome a agenda do partido. Desde de 2002 alternamos anos eleitorais com o PED e, entre um e outro, sindicatos, associações, centros acadêmicos, conselhos dentre tantas disputas.

O presidente Ricardo Berzoini há algum tempo publicou um texto sob o título de “Ética na Prática”, levantando três principais questões que servem de base para qualquer discussão sobre a reforma interna, o que tem a ver diretamente com os rumos que daremos para o PT:

            “No plano interno, é essencial tocar em três assuntos: como lidar com os padrões de profissionalização, como se processa o financiamento das atividades partidárias e como se relacionam os mandatos conquistados pelo partido com a vida partidária.”

O PT está organizado em mais de 5 mil diretórios, nos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal. São mais de 1 milhão de filiados, 80 deputados federais, 126 deputados estaduais, 12 senadores, cinco governadores; no ultimo pleito, elegemos 559 prefeitos e 4.166 vereadores; sem falar do governo federal. Estamos falando de uma estrutura gigantesca. Algo impensável há 29 anos, mas que é o fruto de um trabalho permanente e incessante para mudar a vida das pessoas.

Ao logo dessas quase três décadas, o Brasil mudou e o PT precisa acompanhar essas transformações para continuar dando respostas às demandas da sociedade. O PT deixou de ser um grupo de pessoas para se tornar um patrimônio da nação. Não estamos mais falando de amadores que sobrevivem de gorjetas, mas de um partido que possui uma estrutura que permite uma organização muito mais fluente. O PT não pode ser mais um canto na sala de um militante, ou pior, de um auto-entitulado dirigente.

O que precisa é organizar seus processos internos, como as filiações, os processos de comissão de ética, as finanças, a comunicação (interna e externa), além da coerência entre as diversas instâncias na política. O Sisfil é um passo muito importante que a Sorg dá para tornar mais transparente o processo de filiação. Contudo, como a raiz do problema ultrapassa o ato de filiação, é preciso repensar as práticas locais para que qualquer iniciativa da direção nacional surta efeito. Esse sistema não vai inibir, por exemplo, o excesso financeiro no PED e talvez esse seja o problema mais urgente do PT.

O problema não é o PED, mas como o construímos. Para eleger um dirigente, o filiado precisa conhece-lo, assim como deve entender o programa da chapa em que está votando. Mais do que filiado, é preciso ser militante, participando e construindo o dia-a-dia do partido. A referência aqui não é ao militante em dias de manifestação, mas o militante do cotidiano, aquele que executa a sua profissão com cidadania, que respeita a diversidade ao se relacionar com as pessoas em volta. Que faz questão de não reproduzir o senso comum no dia-a-dia e contribui com a sua parcela para melhorar a nossa sociedade em que vive.

O militante petista é o resultado da complementação entre a participação na vida interna do PT com a atuação na sociedade.

Organizar a vida interna do Partido dos Trabalhadores, garantindo um partido de massas, com filiados permanentemente vinculados ao programa e ao calendário do partido, é fundamental para não cair nas práticas da política eleitoreira tradicional. E como a política real, que alimenta o partido está na base, é preciso remeter a responsabilidade também aos diretórios municipais e zonais, que em certos casos ficam engessados, sem agenda. Esses diretórios devem construir e praticar um calendário mínimo de atividades, bem como proporcionar e garantir a participação dos filiados em espaços de formação.

DEBORA PEREIRA é diretora executiva da UNE e militante do PT.

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