A União Democrática Nacional (UDN) não tinha nada de democrática. Era um partido golpista, de direita e reacionário. Sua principal liderança, Carlos Lacerda, o corvo, entrou para a história como alguém que quis de todas as formas chegar à presidência da República, mas nunca conseguiu.
Apoiaram o golpe de 64 acreditando que a "revolução" duraria pouco tempo e quando voltasse a "normalidade democrática" poderiam, enfim, chegar onde sempre quiseram.
Com o aprofundamento do regime e a decretação do bipartidarismo, os udenistas passaram a compor a Aliança Renovadora Nacional (ARENA), que não tinha nada de renovadora e dava apoio político ao regime dos generais.
No inicío da reabertura política, a reforma partidária acabou com o bipartidariamos e a Arena virou o Partido Democrático Social (PDS), que não tinha nada de democrático, nem de social. Sigla do presidente João Figueiredo, o partido lançou a candidatura de Paulo Maluf para a presidência da República no colégio eleitoral, em 1985.
Como sempre há ratos a roer a corda e deixar o návio ao primeiro sinal de naufrágio, um racha do partido apoiou a candidatura que tinha cheiro de vitória, de Tancredo Neves (PMDB).
Esse racha chamou-se Frente Liberal e depois virou, criativamente, o Partido da Frente Liberal (PFL).
Desgastado e em fase de enxugamento, o PFL mudou de nome de novo e se auto-intitulou "Democratas". Colocaram um político relativamente jovem, Rodrigo Maia, como presidente nacional do partido, mudaram a identidade visual, tudo para tentar ser o que não são, um partido moderno, ético e democrático.
O partido tem feito dura oposição ao governo Lula usando principalmente a bandeira do moralismo.
E a própria carne?
Há alguns meses, o deputado Edmar Moreira, então filiado ao partido, discordou da candidatura oficial da bancada à 2ª vice-presidência da Câmara Federal, concorreu ao cargo e foi eleito. Meses depois foi acusado de sonegar a posse de um castelo e o partido o expulsou.
Agora, com as acusações contra o seu único governador, José Roberto Arruda, e seu vice Paulo Octávio a postura não tem sido a mesma.
Não são acusações quaisquer. Este é o escândalo mais bem documentado da história da política brasileira. Há vídeos e áudios que deixam clara a participação de Arruda em esquemas nada republicanos. Por que o ex-PFL não o expulsou? Por que sofrer este forte desgaste?
Três questões tem que ser lembradas.
Primeiro o fato de que Paulo Octávio é um mega empresário, um dos homens mais ricos do país e tem grande capacidade de levantar dinheiro para o partido.
Segundo o fato de que Arruda é o único (último?) governador do partido e tem colocado dentro do seu governo gente do partido de outros estados como o ex-senador José Jorge (PE), que foi presidente da Companhia Energética de Brasília (CEB), Cássio Taniguchi (PR), deputado federal e ex-prefeito de Curitiba, e o deputado federal Alceni Guerra (PR), que foi secretário de Educação.
E terceira e mais importante. Nada garante que o dinheiro movimentado irregularmente pelo esquema de Brasília não tenha rojado para outros estados, principalmente nas eleições municipais do ano passado.
O dilema do ex-PFL
Se o partido não expulsar Arruda sofrerá mais ainda um enorme desgaste político. Pra quem passou os últimos anos apontando o dedo para supostos desvios éticos do governo federal, ter seu único governador engolido politicamente por um escândalo como este e ainda manter o apoio a ele, este pode ser um golpe definitivo.
Ao se colocar como sub-legenda nacional do PSDB e se negar a sequer tentar a viabilização de um projeto de governo e um projeto de poder próprio, o ex-PFL só pode querer indicar o vice da chapa tucana e manter uma bancada de pelo menos 50 deputados federais e 15 senadores. Porém, com a desmoralização total do partido, eles correm o risco de nem o vice da chapa tucana emplacarem.
Por outro lado, se expulsão Arruda este será o golpe final na carreira dele e não parece haver disposição dele de cair sozinho. Tendo ou não irrigado contas e campanhas do ex-PFL de outros estados, Arruda pode sair jogando panetone no ventilador.
Ó duvida cruel.
Apoiaram o golpe de 64 acreditando que a "revolução" duraria pouco tempo e quando voltasse a "normalidade democrática" poderiam, enfim, chegar onde sempre quiseram.
Com o aprofundamento do regime e a decretação do bipartidarismo, os udenistas passaram a compor a Aliança Renovadora Nacional (ARENA), que não tinha nada de renovadora e dava apoio político ao regime dos generais.
No inicío da reabertura política, a reforma partidária acabou com o bipartidariamos e a Arena virou o Partido Democrático Social (PDS), que não tinha nada de democrático, nem de social. Sigla do presidente João Figueiredo, o partido lançou a candidatura de Paulo Maluf para a presidência da República no colégio eleitoral, em 1985.
Como sempre há ratos a roer a corda e deixar o návio ao primeiro sinal de naufrágio, um racha do partido apoiou a candidatura que tinha cheiro de vitória, de Tancredo Neves (PMDB).
Esse racha chamou-se Frente Liberal e depois virou, criativamente, o Partido da Frente Liberal (PFL).
Desgastado e em fase de enxugamento, o PFL mudou de nome de novo e se auto-intitulou "Democratas". Colocaram um político relativamente jovem, Rodrigo Maia, como presidente nacional do partido, mudaram a identidade visual, tudo para tentar ser o que não são, um partido moderno, ético e democrático.
O partido tem feito dura oposição ao governo Lula usando principalmente a bandeira do moralismo.
E a própria carne?
Há alguns meses, o deputado Edmar Moreira, então filiado ao partido, discordou da candidatura oficial da bancada à 2ª vice-presidência da Câmara Federal, concorreu ao cargo e foi eleito. Meses depois foi acusado de sonegar a posse de um castelo e o partido o expulsou.
Agora, com as acusações contra o seu único governador, José Roberto Arruda, e seu vice Paulo Octávio a postura não tem sido a mesma.
Não são acusações quaisquer. Este é o escândalo mais bem documentado da história da política brasileira. Há vídeos e áudios que deixam clara a participação de Arruda em esquemas nada republicanos. Por que o ex-PFL não o expulsou? Por que sofrer este forte desgaste?
Três questões tem que ser lembradas.
Primeiro o fato de que Paulo Octávio é um mega empresário, um dos homens mais ricos do país e tem grande capacidade de levantar dinheiro para o partido.
Segundo o fato de que Arruda é o único (último?) governador do partido e tem colocado dentro do seu governo gente do partido de outros estados como o ex-senador José Jorge (PE), que foi presidente da Companhia Energética de Brasília (CEB), Cássio Taniguchi (PR), deputado federal e ex-prefeito de Curitiba, e o deputado federal Alceni Guerra (PR), que foi secretário de Educação.
E terceira e mais importante. Nada garante que o dinheiro movimentado irregularmente pelo esquema de Brasília não tenha rojado para outros estados, principalmente nas eleições municipais do ano passado.
O dilema do ex-PFL
Se o partido não expulsar Arruda sofrerá mais ainda um enorme desgaste político. Pra quem passou os últimos anos apontando o dedo para supostos desvios éticos do governo federal, ter seu único governador engolido politicamente por um escândalo como este e ainda manter o apoio a ele, este pode ser um golpe definitivo.
Ao se colocar como sub-legenda nacional do PSDB e se negar a sequer tentar a viabilização de um projeto de governo e um projeto de poder próprio, o ex-PFL só pode querer indicar o vice da chapa tucana e manter uma bancada de pelo menos 50 deputados federais e 15 senadores. Porém, com a desmoralização total do partido, eles correm o risco de nem o vice da chapa tucana emplacarem.
Por outro lado, se expulsão Arruda este será o golpe final na carreira dele e não parece haver disposição dele de cair sozinho. Tendo ou não irrigado contas e campanhas do ex-PFL de outros estados, Arruda pode sair jogando panetone no ventilador.
Ó duvida cruel.
Comentários
A posição tomada, claro, não muda o que escreverei, apenas vou esperar